O anestesiologista Carlos Pereira Parsloe, de 84 anos, formado pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro em 1943, lembra que sua especialização foi decorrente da necessidade, pois não havia anestesiologistas no país. “Não existia a especialidade no Brasil. Quando o acadêmico se via exposto às salas de cirurgia reparava que havia três problemas: a dor, pois não havia aparato anestésico; o choque, por não existir banco de sangue; e a infecção, numa época pré-antibiótico”.
A forma mais comum de anestesia era a máscara de Ombrédanne, um aparelho de inalação de vapores anestésicos. “O doente tinha uma sensação de asfixia terrível, mas acabava perdendo a consciência. Por essa razão, a cirurgia não podia ser demorada”. Como no Brasil não havia centro de ensino em anestesia, Carlos Parsloe foi cursar especialização nos Estados Unidos, na Universidade de Wisconsin, na década de 40.
O que mais o agrada em sua profissão é ter participado dessa evolução da Anestesiologia: “Hoje em dia nem o anestesista nem o doente entram com medo na sala de cirurgia. Nós víamos a morte e o sofrimento diariamente, mas hoje não é mais assim. A minha geração pegou uma fase extraordinária”.
Casado, com três filhos e cinco netos, Carlos conta que nenhum deles quis seguir a carreira médica. “Eles viram a minha vida e não quiseram enveredar por esse caminho”, brinca.
Trabalhou no Hospital Oswaldo Cruz, Hospital Samaritano e na Santa Casa de Santos. Participa ativamente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia e da Sociedade Paulista de Anestesiologia. Ele também participou da organização do III Congresso Mundial de Anestesiologia, em 1964, em São Paulo