CET em Anestesiologia da Santa Casa de Santos
Introdução - A hiperinsuflação do balonete do tubo traqueal, causada pela rápida passagem do óxido nitroso gera uma pressão que se transmite diretamente à parede traqueal e poderá causar lesões na mucosa quando ultrapassar a pressão do capilar traqueal, que é de 22 mmHg (30 cmH2O), provocando isquemia proporcional à pressão exercida pelo balonete e ao tempo de exposição. A isquemia dos vasos da mucosa é seguida de importantes alterações como perda ciliar da mucosa, ulceração, hemorragia, estenose subglótica, fístula traqueoesofágica, além de granulomas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a pressão no balonete do tubo traqueal, de maneira contínua, durante uma anestesia com óxido nitroso para colecistectomia convencional. Relato do Caso - Paciente do sexo masculino, 53 anos, estado físico ASA II, submetido à anestesia geral balanceada com manutenção inalatória com óxido nitroso a 65%, oxigênio a 35% e concentrações variáveis de isoflurano. O paciente foi intubado via oral com tubo traqueal convencional com balonete de baixa pressão nº 8. A insuflação do balonete foi feita com ar, até a pressão de 14 mmHg (19 cmH2O), quando foi obtido completo vedamento para a ventilação controlada. O balão piloto foi conectado a um transdutor de pressão e este ao monitor multiparamétrico para que a leitura da pressão fosse contínua. O balonete era desinsuflado quando atingia 22 mmHg. Discussão - A pressão no balonete do tubo traqueal aumentou, ultrapassando o valor crítico de 22 mmHg para o fluxo sangüíneo da mucosa traqueal, já aos 30 minutos. A pressão no balonete do tubo traqueal deve ser medida rotineiramente, de forma contínua ou intermitente para minimizar o trauma sobre a mucosa traqueal. Neste método a pressão é continuamente monitorada, digitalmente, podendo inclusive ser registrada e impressa a intervalos regulares. A pressão de contato do tubo traqueal com a mucosa, que pode parecer não ser excessiva durante curto intervalo de tempo, pode diminuir a pressão de perfusão da mucosa traqueal em situações de hipotensão arterial, resultando em sérias complicações. Referências - 01. Nguyen TH, Saidi N, Lieutaud T et al - Nitrous oxide increases endotracheal cuff pressure and the incidence of tracheal lesions in anesthetized patients. Anesth Analg, 1999;89:187-190; 02. Priebe HJ - N2O and endotracheal cuff pressure. Anesth Analg, 2000;90:230-231; 03. Braz JR, Navarro LH, Takata IH et al - Endotracheal tube cuff pressure: need for precise measurement. São Paulo Med J, 1999;117:243-247